Resumo: O plurilinguismo é, hoje, um tema incontornável para as políticas dos Estados e reflete-se na implementação de uma integração regional que respeite as culturas e os modos de vida dos diferentes povos.
Diversas iniciativas, em âmbito nacional, bilateral e multilateral, mostram a relevância das políticas linguísticas como foro de discussão no MERCOSUL e demais países latino-americanos, tais como: difusão das línguas oficiais do bloco, reconhecimento da diversidade linguística dos países, atenção dispensada por programas de ensino às línguas indígenas e de imigração, dentre outras. Temos, ainda, como perspectiva de ampliação da intergração regional, o Projeto Escolas Interculturais Bilíngues de Fronteira, um programa multilateral do Setor Educacional do MERCOSUL.
Assim, é objetivo desse GT oferecer um espaço para a constituição de uma rede de conhecimento que favoreça a discussão sobre realidades sociolinguísticas latino-americanas e proposição de políticas linguísticas adequadas a tais realidades bem como sobre de demandas político-linguísticas com vistas à promoção dos direitos linguísticos e à ampliação da integração regional.
Justificativa: Entendendo as questões político-linguísticas como imprescindíveis na constituição de uma integração regional que respeite as especificidades locais, o GT – Política Linguística no MERCOSUL objetiva ampliar as iniciativas de valorização da diversidade linguística regional através da articulação de pesquisadores e outros atores interessados nesta essencial problemática, além de realizar discussões para a ampliação dos âmbitos de vigência das leis de promoção das línguas oficiais - Português, Espanhol e Guarani – a exemplo das leis de oferta obrigatória do espanhol no Brasil - Lei N° 16.161 de 05 de agosto de 2005 e de ensino de português na Argentina – Ley Nº 26.468 de 17 de dezembro de 2008.
15/09 - 5ª feira - Manhã (08h30 às 10h30)
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Telma Cristina de Almeida Silva Pereira
Política lingüística e línguas estrangeiras no Rio de Janeiro: um estudo sobre a representação linguística no Rio de janeiro
Este trabalho apresenta uma relação entre políticas e representações lingüísticas baseada em uma pesquisa realizada entre estudantes universitários no Rio de Janeiro. Adotamos o quadro teórico e metodológico das pesquisas desenvolvidas no âmbito da sociolingüística norteados pela idéia que a análise das representações constitui o primeiro passo para a elaboração de uma política lingüística. Considerando o contexto da internacionalização das universidades (mobilidade acadêmica, publicações, participação em eventos internacionais, etc), destacamos a importância de uma política lingüística universitária para o ensino de línguas estrangeiras, baseada na diversidade cultural e lingüística e nas demandas acadêmicas de aprendizagem de línguas.
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EDSON SANTOS DA SILVA JÚNIOR, Mônica Maria Guimarães Savedra
Política e planificação linguística em contexto universitário no MERCOSUL: a educação bilíngue em pauta.
Política e planificação linguística em contexto universitário no MERCOSUL: a educação bilíngue em pauta.
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Isis Ribeiro Berger
Por políticas linguístico-educacionais sensíveis ao contexto da Tríplice Fronteira Argentina-Brasil-Paraguai
Foz do Iguaçu localiza-se na fronteira com Argentina e Paraguai e caracteriza-se pelo hibridismo linguístico-cultural oriundo do ir e vir dos indivíduos entre os três países. Embora a situação de fronteira seja assim caracterizada, as fronteiras simbólicas entre os países são concretizadas em práticas escolares, que muitas vezes acentuam as diferenças entre os indivíduos (HALL, 2008; SANTOS, 2004). A (re)produção do preconceito com relação aos brasiguaios na Educação Básica já foi tema de pesquisa neste cenário. Nesta comunicação será discutido um caso em que a diferença linguística foi considerada um entrave na produção intelectual de uma estudante do ensino superior. Assim, verifica-se a importância da implementação de políticas linguístico-educacionais para a fronteira, de forma a integrar e promover atitudes favoráveis em relação à língua e cultura de indivíduos dos países vizinhos.
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Marta Gomes Lucena
A Integração Regional na zona de fronteira Brasil-Uruguai no contexto do Mercosul: Bilinguismo e Identidades Sociais.
O artigo analisa o bilingüismo e a política de integração regional do Mercosul na fronteira Brasil-Uruguai, a partir do par de cidades Rivera-Santana do Livramento. Aborda as políticas frente ao ensino do português em escolas uruguaias e a formação de professores para o ofício. A região de fronteira é bilíngüe e há uma terceira modalidade, o dialeto fronteiriço praticado nas comunidades. No Brasil, a caracterização sociolingüística é o Português Gaúcho de Fronteira PGF e, no Uruguai, Dialetos Portugueses do Uruguai DPU. A análise se dá, sobretudo, do ponto de vista uruguaio e as implicações na educação sobre o fenômeno e vice-versa. No país, os problemas de aprendizagem provinham da pedagogia monolingüe e intolerância em aceitar a língua mãe de muitos fronteiriços. Hoje, a atitude é mais flexível nas escolas, mas o “dialeto” ainda é fonte de estigma em relação aos setores populares
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Karina Mendes Thomaz
Onomástica supranacional Guarani Mbyá e a demanda por uma política linguística na documentação individual oficial
A onomástica dos Guarani Mbyá revela uma significação profunda do ritual de atribuição de nomes próprios. Potencialidades de cada novo indivíduo são fortalecidas com a nomeação adequada, que influencia, inclusive, na saúde física e exprime a origem divina dos mesmos (Nimuendaju, 1987; Pissolato, 2007). Entretanto, mesmo com significação profunda e extremamente valorizada pela comunidade, o nome próprio dos Mbyá no Brasil sofre a restrição ocasiona pelo contato com uma língua majoritária e oficial, ficando à parte na documentação oficial de cada indivíduo (Bergamaschi, 2005; Vieira, 2006). Desvela-se, portanto, a demanda por uma pesquisa em política linguística que identifique os motivos para a referida restrição e proponha intervenções que garantam a legitimidade do uso do nome próprio Guarani Mbyá em documentos de identificação individual no Brasil e nos demais países mercosulistas.
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